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Saúde Mental

Sintomas de Esquizofrenia: Conheça os Tipos e Tratamentos

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sintomas de esquizofrenia

Você já ouviu falar de esquizofrenia, não é? Trata-se de uma doença conhecida há bastante tempo, caracterizada por uma fragmentação das funções definitivas do pensamento, comportamento e emoções. Apesar de já ter ouvido falar, a maioria das pessoas acha a esquizofrenia difícil de entender e existem muitos mitos sobre a doença.

Existem dois sintomas de esquizofrenia mais característicos que são: alucinações e delírios. Por meio deles a pessoa se torna incapaz de enxergar a realidade, pois predomina um ponto de vista distorcido, podendo até chegar a pensar que está sendo perseguida.

Dentre os tipos de esquizofrenia, o mais comum é conhecido como esquizofrenia paranoide. Neste artigo você vai saber mais sobre esse problema psicológico e sobre outros tipos de esquizofrenia, conhecer seus sintomas mais comuns, os principais tratamentos para esquizofrenia, entre outras informações relevantes para a compreensão deste transtorno.

Informações Gerais

A esquizofrenia é um transtorno psicológico, sendo considerada uma doença psiquiátrica endógena, onde o contato com a realidade é prejudicado ou quebrado.

Aproximadamente 1% da população é afetada por esse problema. Ele pode atingir pessoas de todas as idades, mas geralmente afeta mais homens do que mulheres. Homens tendem a apresentar sintomas até os 20 anos de idade, enquanto as mulheres geralmente apresentam entre os 25 e os 30 anos.

Pequena História da Esquizofrenia

Estima-se que a esquizofrenia existia desde a Idade Média, mas naquela época se associava o problema com bruxaria ou possessão. Ela foi descrita pela primeira vez no século XIX pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin que estabeleceu uma classificação de transtornos mentais.

Ele chamou a doença naquele período como demência precoce, pois começava no início da vida e levava a problemas psíquicos como alucinações, perturbações da atenção, compreensão e fluxo dos pensamentos, esvaziamento afetivo e sintomas catatônicos.

No entanto foi o psiquiatra suíço Eugen Bleuler que criou o termo “esquizofrenia”, que significa divisão da mente ou mente fragmentada. Sua intenção era indicar a presença de uma separação entre pensamento, emoção e comportamento nos pacientes afetados.

Ele chamou os sintomas de esquizofrenia primários como os quatro “As”: ambivalência, associação frouxa de ideias, alterações de afeto e autismo e os secundários como: alucinações e delírios.

Sintomas de Esquizofrenia

A psiquiatra Suele Serra aponta que os sintomas de esquizofrenia são divididos em positivos e negativos.

Sintomas de Esquizofrenia Positivos

Esses sintomas tem relação com reações novas na personalidade do indivíduo como:

  • comportamentos agressivos e impulsivos;
  • agitação psicomotora;
  • delírios que envolvem perseguição, sendo que a pessoa pode sentir que está sendo perseguida pela polícia ou que vizinhos e parentes estão querendo lhe fazer mal;
  • alucinações, ou seja, alteração da percepção do ambiente, sendo que a pessoa pode ter alucinações auditivas, visuais, olfativas ou táteis;
  • episódios de frangofilia, que é o impulso de destruir coisas ou agredir outras pessoas.

A médica explica que o delírio é a crença de que a situação a qual o indivíduo está vivendo é real e que as pessoas ao redor analisam como não sendo, mas quem tem esquizofrenia não entende e acaba perdendo o contato do que é real e do que não é.

Sintomas de Esquizofrenia Negativos

Esses sintomas já são relacionados com a perda de habilidades que a pessoa costumava ter como:

  • empobrecimento do pensamento, das emoções e da afetividade;
  • perda do prazer em realizar atividades diárias (anedonia);
  • falta de motivação (avolição);
  • dificuldade ou incapacidade de realizar tarefas, ações e trabalhos organizados (hipopragmatismo).

LEIA TAMBÉM O ARTIGO SOBRE SUBJETIVIDADE DA DOR

Esquizofrenia tem Cura?

O psiquiatra Rodrigo Bersan nos lembra que existe muito preconceito em relação à esquizofrenia. Isso ocorre porque as pessoas acham que devido às características da doença o indivíduo é maluco, quando na verdade trata-se de um transtorno psiquiátrico, uma doença que tem possibilidade de ser tratada e ter uma boa evolução.

O médico fala ainda da importância do tratamento correto, pois se a pessoa não for tratada as chances de ter uma boa evolução são mínimas. O médico relata sobre pesquisas realizadas com moradores de rua, onde foi encontrado um bom número de pessoas que não receberam o tratamento adequado, assim prejudicando seu comportamento.

Para a maioria das pessoas que apresentam esquizofrenia os sintomas tendem a regredir e ficam sob controle por meio de um tratamento adequado pelo uso de medicamentos, assim elas podem agir normalmente ou lidar com os sintomas de esquizofrenia de forma menos incapacitante.

Claro que eventualmente o esquizofrênico pode ter um episódio fora do comum, mas na maior parte do tempo é uma pessoa sensata e que pode ter uma vida normal como qualquer outra.

Tipos de Esquizofrenia

Existem quatro tipos de esquizofrenia:

  • esquizofrenia paranoide;
  • esquizofrenia hebefrênica;
  • esquizofrenia catatônica e
  • esquizofrenia simples.

Elas se diferenciam por meio dos sintomas específicos que apresentam, como veremos a seguir.

Esquizofrenia Paranoide

É o tipo mais conhecido, onde os principais sintomas são delírios e alucinações. Os delírios são caracterizados quando a pessoa pensa que está sendo perseguida, vigiada e que outros pensam em lhe fazer mal.

Já nas alucinações a pessoa perde a noção do que é real e o que não é, podendo ter a percepção de objetos que não existem e crenças delirantes, como ter sofrido uma abdução alienígena, por exemplo.

Esquizofrenia Hebefrênica

Esse tipo tem como característica mais comum pensamentos e discursos desconexos. Também há a presença de uma perturbação dos afetos, comportamento irresponsável e imprevisível, afeto superficial e impróprio, pensamento desorganizado, discurso incoerente, além de uma tendência a se isolar socialmente.

Esquizofrenia Catatônica

Essa forma do problema se dá por meio de um sintoma bem incomum em que a pessoa fica parada por horas em uma postura anormal e fica resistente se alguém tenta mudar sua posição.

A esquizofrenia catatônica também pode se caracterizar por episódios de violência, ser influenciada por ideias e alucinações que parecem reais.

Esquizofrenia Simples

Nesse tipo entre os sintomas principais que se manifestam estão: afastamento da realidade e das pessoas, empobrecimento de sua personalidade, sintomas negativos como dificuldade de expressar suas emoções e sentimentos, falta de lógica, senso crítico e noção da realidade e perda da vontade.

Esquizofrenia: Causas

O psiquiatra Rodrigo Bersan relata que os sintomas da esquizofrenia são causados devido a alterações nas redes cerebrais que não são muito bem mapeadas, sendo que uma das principais alterações é em um neurotransmissor (substância química que permite a comunicação entre os neurônios) chamado dopamina.

Em pessoas com esquizofrenia ela se encontra aumentada, assim gerando delírios e alucinações.

Existem alguns fatores que podem provocar esse problema, entre eles a vulnerabilidade genética e fatores ambientais. O médico explica que assim como a diabetes e hipertensão os genes que geram a predisposição à esquizofrenia são muitos e todas as pessoas possuem alguns deles.

No entanto alguns indivíduos são mais suscetíveis que outros e isso em união com fatores ambientais pode acarretar na manifestação dos diferentes sintomas que vimos há pouco.

Entre os fatores ambientais estão:

  • alterações e traumas na fase do nascimento, como no caso de partos prematuros, peso baixo no nascimento ou falta de oxigênio durante o parto;
  • traumas emocionais e psicológicos como término de um relacionamento amoroso, perda de entes queridos, abuso físico, sexual ou emocional e perda de emprego (leia nosso artigo sobre estresse pós-traumático aqui);
  • ambientes agressivos;
  • uso de drogas como craque, cocaína e maconha.

Esquizofrenia: Diagnóstico

O diagnóstico só pode ser dado por um médico psiquiatra, pois é ele que possui o treinamento para entender os traços da doença e colocar no contexto em que a pessoa está vivendo.

É importante ressaltar que uma pessoa pode ter delírios e alucinações sem ter esquizofrenia, mas também ao usar uma droga ou sofrer de disfunção das glândulas endócrinas. Por isso o psiquiatra primeiramente exclui causas orgânicas, ou seja, que estão relacionadas à saúde física do paciente.

O diagnóstico é feito em alguns meses para ver se perduram os sintomas. Então são avaliados os diferentes sintomas, como ouvir barulhos e vozes, que na verdade se tratam de alterações do pensamento, delírios, em que a pessoa começa a perceber o mundo de forma estranha e começa a achar que as coisas não são realmente como deveriam.

Também há a mania de perseguição, em que a pessoa pensa que outras estão perseguindo ela e até mesmo ter pensamentos estranhos, como achar que foi abduzida, por exemplo.

A esquizofrenia infantil é mais rara, sendo conhecida como esquizofrenia precoce, onde a criança apresenta sintomas antes da idade de treze anos. Os sintomas são parecidos com os dos indivíduos adultos, mas o desenvolvimento é lento e por isso acaba dificultando o diagnóstico.

Assim o problema pode ser confundido com outros distúrbios como transtorno afetivo bipolar e autismo. Por isso é importante que os pais se atentem às alterações no comportamento dos filhos e aos sintomas de esquizofrenia que podem se apresentar.

Esquizofrenia: Tratamentos

A esquizofrenia pode ser tratada por meio da união de alguns tratamentos como uso de medicamentos e psicoterapia. Vamos conhecer cada um deles a seguir.

Uso de Medicamentos

Segundo o psiquiatra Rodrigo Bersan um dos tratamentos para tratar os sintomas de esquizofrenia são medicações que bloqueiam o aumento da dopamina. Esses medicamentos são os antipsicóticos e ajudam no tratamento de delírios e alucinações.

Por meio deles as pessoas são capazes de diminuir os sintomas e voltam a entender o mundo novamente. A medicação é fundamental para reduzir a manifestação dos sintomas na fase aguda da doença e também ajudam a evitar novos episódios.

Pois quando a pessoa tem novos episódios a chance de elas voltarem ao normal diminui, por isso o foco do tratamento é melhorar o sintoma agudo da crise e evitar uma próxima.

O médico fala que em casos graves da doença quando se faz um diagnóstico precoce uma droga que é utilizada é a closapina. Com o uso dela pessoas que tem uma resposta baixa ao tratamento passam a ter uma boa resposta.

A psiquiatra Suele Serra conta que os antipsicóticos de segunda geração diferente da primeira além de ajudar a bloquear os receptores de dopamina no sistema mesolímbico atuam no humor do paciente não causando efeitos colaterais.

Ela também conta que outros medicamentos utilizados são estabilizadores do humor que ajudam a potencializar o efeito do antipsicótico ou ansiolítico, assim também ajudando a reduzir os sintomas de esquizofrenia.

Psicoeducação

O psiquiatra Rodrigo Bersan diz que a psicoeducação é importante tanto para o paciente quanto familiares. Pois no tratamento é fundamental que o paciente tenha um bom ambiente familiar.

A família tende a negar ou culpar o indivíduo pelo problema, tendo ele usado drogas ou não. Acha que a pessoa não quer estudar nem trabalhar, mas tudo está associado aos sintomas da esquizofrenia.

Por isso que no tratamento se realiza a psicoeducação que ensina a pessoa sobre a doença e também à família, para que possam compreender os sintomas da doença.

Principalmente em quadros mais graves os médicos e a própria família tem pouca esperança quanto à evolução. Isso também é favorecido com a informação que a mídia apresenta, sendo mostrados apenas os quadros mais graves e mais violentos.

Mas na verdade a maioria das pessoas que sofrem de esquizofrenia não são agressivas. Para você ter ideia a taxa de criminalidade entre as pessoas que tem o problema é menor do que a população geral, por isso não é preciso ter medo dessas pessoas.

Psicoterapia

 A psicoterapia ajuda as pessoas que sofrem com os sintomas de esquizofrenia a desenvolver relação colaborativa entre elas, a família e o médico, de modo que o paciente consiga aprender a entender, tomar os medicamentos de acordo com a prescrição médica e manter o estresse sob controle de forma mais eficaz.

A psicoterapia inicial tem como foco as necessidades básicas da vida social do paciente, ajudando-o a compreender melhor a doença, promovendo atividades adaptativas e que tem como base a empatia e compreensão dinâmica sadia da esquizofrenia.

A terapia pode ser individual ou em grupo, podendo ajudar a pessoa a controlar melhor os sintomas, como os pensamentos delirantes.

A psiquiatra Suele Serra menciona outros tipos de terapia como musicoterapia, atividades lúdicas, terapia ocupacional e psicanálise, pois o objetivo é inserir a pessoa novamente à sociedade, para que ela tenha uma vida o mais normal possível e que seja agradável tanto para ele como para os próprios familiares.

Além disso, há a terapia cognitiva que se empenha em substituir pensamentos negativos e distorcidos (que geralmente acontece durante as alucinações) em pensamentos positivos e precisos. Também há a terapia de grupo, onde o terapeuta trabalha os pacientes coletivamente.

Reabilitação e Serviços de Apoio Comunitário

Outro tipo de tratamento para os sintomas de esquizofrenia é o treinamento de habilidade psicossocial e programas de reabilitação vocacional, tendo a intenção de que a pessoa possa cuidar de si mesma, de um lar, trabalhe e se relacione com as outras pessoas.

Algo interessante é o trabalho com suporte, onde o paciente é inserido na empresa em que atua, tendo um instrutor profissional para ajudá-lo a se adaptar, assim conforme a pessoa for se acostumando o instrutor se torna apenas um apoio para ajudar na resolução de problemas ou comunicação com gestores.

Dessa forma as pessoas que sofrem de esquizofrenia podem viver de forma independente. Em alguns casos há a necessidade de supervisão, onde um membro da equipe ajuda a verificar se o indivíduo está tomando os medicamentos.

Os serviços de apoio e reabilitação podem variar de um suporte 24 horas a visitas periódicas. Pode ser necessário intervenções, internação ou cuidados diante de uma crise, principalmente se a pessoa oferecer risco a si mesma ou para terceiros.

No entanto apenas um número pequeno de pessoas que sofrem de sintomas de esquizofrenia agudos se nega a tomar medicações e que necessita de um suporte mais longo.

Outros Tratamentos

Também pode ser necessária hospitalização com o intuito de assegurar a segurança, nutrição, sono e higiene da pessoa durante crises.

Outro tratamento para os sintomas de esquizofrenia é a ECT (eletroconvulsoterapia) que produz estímulos elétricos no cérebro como uma forma de auxiliar no equilíbrio dos neurotransmissores. Esse tratamento geralmente é usado quando a pessoa não responde bem aos medicamentos.

Para o psiquiatra Rodrigo Bersan é importante que os profissionais entendam o problema em sua totalidade, pois dessa maneira as pessoas podem ter uma boa evolução.

Inclusive pessoas com sintomas graves também podem evoluir na medida em que elas lidam com os sintomas de esquizofrenia e assim conseguem ter uma vida mais saudável. É como o tetraplégico que aprende a viver por meio da superação do problema.

Em 17% dos casos em que a pessoa apresenta um episódio psicótico da doença, se bem tratada pode se curar. No entanto a grande maioria possui a doença crônica que deve ser acompanhada por toda a vida para evitar novas crises.

Como você viu neste artigo a esquizofrenia é um transtorno psicológico caracterizado por uma fragmentação das funções definitivas do pensamento, comportamento e emoções. Esse problema é antigo, sendo datado desde a Idade Média, no entanto só começou a ser estudado de fato no século XIX quando o médico psiquiatra alemão Emil Kraepelin o denominou de demência precoce.

Existem quatro tipos principais de esquizofrenia: paranoide, hebefrênica, catatônica e simples. Entre os principais sintomas de esquizofrenia estão: comportamentos agressivos e impulsivos, agitação psicomotora, delírios alucinações, episódios de frangofilia, falta de motivação, empobrecimento do pensamento, das emoções e da afetividade, perda do prazer em realizar atividades diárias e dificuldade ou incapacidade de realizar tarefas, ações e trabalhos organizados.

É importante ao notar os sintomas procurar um médico psiquiatra para que ele possa realizar o diagnóstico que se baseia na análise dos sintomas, descartando se trata de um problema de origem física, para que assim possa avaliar o estado psicológico do paciente.

O tratamento pode ser feito por meio de medicamentos, psicoterapia, psicoeducação, reabilitação e serviços de apoio, além do suporte familiar que é essencial, uma vez que ajuda muito na compreensão e no controle da doença.

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